Agora o Kinect
fez de novo, combatendo um inimigo implacável: a Usura.
Alguns museus
adoram compartilhar seu acervo, outros fazem de tudo para impedir que o
visitante aprecie as peças expostas. Da última vez que fui no Museu Nacional no
Rio de Janeiro era proibido tirar fotos MESMO SEM FLASH. Imagino que seja
uma medida correta, afinal de contas o Meteorito de Bendegó, depois de entrar
na atmosfera a 40 mil km/h e acertar o Brasil com a potência de um artefato
nuclear será irremediavelmente danificado se for fotografado com Flash. Ou sem.
A usura no
caso é do museu Neues, na Alemanha. Eles estão se recusando a liberar
modelos 3D de uma de suas peças mais raras, considerada, depois da Pedra da
Roseta e da máscara de Tutancamon, a peça mais preciosa de arte egípcia: o
busto de Nefertiti.
Esculpida em
1345 AC e descoberto em 1912, foi surrupiado para a Alemanha, onde permanece
até hoje, apesar dos protestos do Egito pedindo a peça de volta e Berlim
respondendo “no hablo su
idioma, señor”.
O tal museu não
quer compartilhar algo muito importante: os scans 3D do busto. Isso é pura
usura, o Smithsonian tem um portal só para compartilhar scans de suas peças, e
o Museu Britânico fez uma maratona com os visitantes, usando software da
Autodesk e celulares para escanearem o máximo dos objetos que conseguirem.
museumshack from jnn
Entra aqui uma
dupla de artistas, Nora Al-Badri e Jan Nikolai Nelles.
Eles resolveram “liberar” a Rainha Nefertiti. Usando um Microsoft Kinect e um
laptop disfarçados debaixo das roupas, os dois invadiram (ok, entraram como visitantes) o museu e sub-repticiamente escanearam
a escultura, em detalhes, em muitos detalhes.
O arquivo com os
scans “liberados” pode ser baixado da
página do projeto, e várias instituições de pesquisa já pediram
permissão para usar os scans, que também estão disponíveis via torrent.